ESQUEMA COM COCAÍNA Ex-secretário, lobista e a ex-amante são denunciados por tráfico

Nilton Borgato, Rowles Magalhães, Nelma Kodama e outras 13 pessoas terão que devolver R$ 139,5 milhões

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Borgato, Rowles e sua ex-amante Nelma Kodama foram denunciados pelo MPF, com outras 13 pessoas, por tráfico internacional de drogas

O ex-secretário de Ciência e Tecnologia de Mato Grosso, Nelson Borgato, o lobista Rowles Magalhães e a doleira Nelma Kodama foram denunciados pelo Ministério Público Federal pelo envolvimento no tráfico internacional de cocaína.

A denúncia foi feita no dia 11 passado.

O MPF denunciou outras 13 pessoas acusadas de participar do esquema, desarticulado pela Polícia Federal, no dia 19 de abril, com a Operação Descobrimento.

Na ocasião, a PF cumpriu 43 mandados de busca e apreensão e sete mandados de prisão, em Mato Grosso e nos estados da Bahia, São Paulo, Rondônia e Pernambuco.

Borgato, Rowles e Nelma são acusados de tráfico internacional de drogas, organização criminosa e remessa irregular de divisas ao exterior.

Se eles forem condenados, poderão pegar mais de 60 anos de prisão.

Também terão que devolver R$ 139,5 milhões, entre bloqueio de bens e danos morais coletivos.

A denúncia do MPF é assinada pelos procuradores da República, Auristela Oliveira Reis, Roberto D’Oliveira Vieira, Robert Rigobert Lucht e  Carlos Vítor de Oliveira Pires, que também pediram a manutenção das prisões dos acusados.

O argumento dos procuradores é o de que a manutenção das prisões é “para evitar delitos e por conveniência da instrução criminal”.

Na denúncia, o MPF destaca que Rowles e Ricardo Agostinho são os responsáveis pela programação e organização dos voos entre Brasil e Europa.

Ambos exerciam funções típicas de proprietário da empresa de fretamento Omni Aviação e Tecnologia S.A.

Nilton Borgato, a doleira Nelma Kodama – apontada com ex-amante de Rowles Magalhães – e Cláudio Rocha Júnior são responsáveis pela intermediação entre fornecedores da droga e os transportadores e o contato deles com os destinatários da droga na Europa.

Marcelo Mendonça de Lemos e Marcos Paulo Barbosa Lopes (Papito) eram os integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital), que forneciam cocaína e ajudaram a armazenar a drogas na fuselagem do avião, que tinha como destino Portugal.

Outros denunciados são Marcelo Lucena da Silva, doleiro que pagava dívidas da quadrilha na Europa, e Fernando de Souza Honorato, que facilitava o acesso para o carregamento do avião com a droga.

Edson Carvalho Sales dos Santos usava sua conta bancária, em Portugal, para receber as transferências bancárias.

Dilson Borges dos Santos, Lincon Féix dos Santos, Richard Rodrigues Consentino e Cícero Guilherme Conceição Desidério são responsáveis por esconder a droga sob a fuselagem do avião.

A OPERAÇÃO –  As investigações tiveram início em fevereiro de 2021, quando um jato executivo Dassault Falcon 900, pertencente a uma empresa portuguesa de táxi aéreo, pousou no aeroporto internacional de Salvador para abastecimento.

Após ser inspecionado, foram encontrados cerca de 595 kg de cocaína escondidos na fuselagem da aeronave.

A partir da apreensão, a Polícia Federal conseguiu identificar a estrutura da organização criminosa atuante nos dois países, composta por fornecedores de cocaína, mecânicos de aviação e auxiliares (responsáveis pela abertura da fuselagem da aeronave para acondicionar o entorpecente), transportadores (responsáveis pelo voo) e doleiros (responsáveis pela movimentação financeira do grupo).

As medidas judiciais foram expedidas pela 2ª Vara Federal de Salvado e pela Justiça portuguesa.

A Justiça brasileira também decretou medidas patrimoniais de apreensão, sequestro de imóveis e bloqueios de valores em contas bancárias usadas pelos investigados.

No curso das investigações, a PF contou com a colaboração da DEA (Drug Enforcement Administration – Agência norte-americana de combate às drogas), da Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de Estupefacientes da Polícia Judiciária Portuguesa e do Ministério Público Federal.

Fonte: Diário de Cuiabá