“Se continuar assim, teremos a morte de outros Rodrigos”, diz mãe após depoimento
O juiz Marcos Faleiros, da 11ª Vara Criminal Militar de Cuiabá, ouviu nesta segunda-feira (15) o coronel João Rainho Junior, na ação penal que investiga uma suposta prática de tortura por parte da tenente Izadora Ledur. Ela é acusada da morte do aluno do curso de formação de soltados do Corpo de Bombeiros Rodrigo Claro, em 2016.
Antes do início dos depoimentos, a defesa de Ledur, promovida pelo advogado Huendel Rolim, tentou uma manobra ao afirmar que o processo baseava-se em um inquérito produzido pela Polícia Civil. Para a defesa, o procedimento deveria ter sido feito por militares. O Conselho Militar negou, por maioria, o pedido, alegando que a legislação exigiu a investigação militar apenas após a denúncia ter sido oferecida à Justiça.
Já nas oitivas, o coronel do Corpo de Bombeiros afirmou, em seu depoimento, que o treinamento aquático exigido no curso de formação de Bombeiros era considerado, por ele, muito fraco. Ele chegou a dizer que, em vários casos, alunos que nadam mal ou até mesmo não sabem nadar, são aprovados na seleção.
“A função do instrutor é preparar o aluno para o pior cenário possível de um salvamento na vida real. E a preparação é feita em uma piscina, numa situação controlada, com água clara e sem correnteza. No cotidiano, é feita em um rio, com água barrenta, com obstáculos como troncos de árvore debaixo da água”, disse o coronel.
Ao final do depoimento, Antônio e Jane Patrícia Claro, pais de Rodrigo Claro, criticaram o depoimento do coronel. Segundo a mãe do soldado, este tipo de prática é corriqueira nos treinamentos do Corpo de Bombeiros e apontou ainda que estas ações podem ocasionar mais mortes.
“Ele usa os mesmos métodos que ela. É muito desnecessário. O Rodrigo tinha um psicológico forte e sempre foi muito tranquilo. Era um menino que tinha um porte e preparo físico muito bom. Se isso aconteceu, foi por excesso dela. Eles dão total autonomia para os oficiais cometerem esse tipo de crime. Como o coronel mesmo disse, ele usa essa prática. Não é um caso isolado e com certeza, se continuar assim, teremos a morte de outros Rodrigos e outras famílias chorando”, afirmou Jane.
Fonte: Hiper Noticias